segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dificuldades na Venezuela

A Venezuela, historicamente dependente de sua maior benção, o excesso de petróleo, nunca conseguiu desenvolver setores da indústria que viassem a possibilidade de um país forte, desenvolvido e auto-suficiente. As imensas reservas de petróleo tornaram o governo e a alta sociedade venezuelana em apreciadores de produtos importados.  
Esse comportamento gerou a grande distância entre ricos e pobres no país. A divisão se baseou na capacidade que cada um tinha em comprar produtos de primeira necessidade. Os pobres compravam produtos venezuelanos, de baixa qualidade, pois a indústria local nunca conseguiu se desenvolver. Os ricos compravam sempre produtos importados, de alta qualidade, impossibilitando que a indústria local se desenvolvesse.  
Com este recorrente cenário ao longo dos anos, a situação que se vê hoje não é originária apenas no governo de Hugo Chavez. A falta de abastecimento de alimentos no país não se trata de um problema conjuntural do atual governo. Trata-se de um problema estrutural da história do próprio desenvolvimento venezuelano. No momento em que o governo limitou as ações da já fraquíssima indústria local, a produção se tornou inibida demais para providenciar a população dos produtos de baixa qualidade que compravam. Os produtos importados seguiam fora do alcance econômico da grande parcela da população venezuelana. Quem produzia alimentos na Venezuela, de qualquer forma que fosse, passou a perceber que os custos e preços impostos pelo governo não eram compatíveis com o custo de produção, preferindo assim suspender suas atividades.  
O grande erro do governo de Chavez foi não prever essa situação e oferecer incentivos necessários para produtores privados no país. A criação da PDVA, subsidiária da petrolífera PDVSA voltada para o ramo alimentício nada mais fez do que centralizar a aquisição de produtores de alimentos no país. Quem não fechou as portas, aderiu ao governo e passou a produzir sem esperar que seu esforço representasse um aumento de lucratividade. Em muitas das vezes, nem lucratividade havia.  
Aliado a isso, a inflação mina as capacidades do governo chavista. Obviamente, com o preço do barril a US$120, a inflação passa despercebida para o governo, mas não para as camadas mais pobres da população, justamente a base eleitoral de Hugo Chavez. Não é surpresa que as recentes pesquisas de popularidade apontam o pior resultado de Chavez desde que este assumiu o governo.  

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